OUTROS CORPOS NOSSOS
Other Bodies of Ours
Fotografias/Photographs: Aghi
Editor/Editor: Caio Simões de Araújo
Editora/Publisher: MaThoko's Books
Data de publicação/Publication date: Outubro/October 2021
ISBN: 978-0-620-94402-1 (print)
ISBN: 978-0-620-94401-4 (web pdf)
As minorias sexuais e de género têm sido historicamente vistas como os “outros” marginais da sociedade dominante. Essa experiência de “alteridade” tem sido crucialmente constitutiva das identidades LGBTIQ, moldando personalidades e marcando as fronteiras imaginárias entre esta comunidade e a sociedade em geral. Nesse contexto, o corpo é um terreno no qual essa alteridade é vivida, experienciada e, muitas vezes, subvertida. Se a identidade é corporificada, mediada pelo corpóreo, a inserção destes corpos no espaço, na cidade – para uma pessoa pode ir, que sítios uma pessoa pode chamar de seu – não é simples. Ao contrário, esta questão está inserida na política de visibilidade e reconhecimento LGBTIQ. Apesar das várias adversidades, as pessoas queer ainda tomam a rua, ocupam a cidade, construem um espaço próprio, um espaço a que pertencem. Ao reivindicar uma identidade, um corpo, e uma cidade como “nossos”, o movimento LGBTIQ, seus artistas e activistas, emite uma mensagem urgente de pertencimento e empoderamento. Aqui, esta breve mistura de palavras – Outro, Corpos, Nossos – incorpora essas várias dimensões da experiência queer: a imbricação da alteridade e do eu, a corporalidade das identidades e a reivindicação urgente de pertencer a uma comunidade.
Pensando nisso, o projeto Outros Corpos Nossos segue um grupo de artistas e activistas queer enquanto eles conquistam um espaço no mundo e na cidade. Os textos, fotografias, retratos e testemunhos constituem um arquivo vivo e vivido de narrativas queer em Maputo. Como tal, este livro foi projetado para confundir as linhas tênues entre a história pública e a biografia privada. As fotografias não documentam apenas um evento, mas são o produto da conversa entre o fotógrafo, os artistas, e os espaços públicos e privados que estes ocupam. Ao apresentar este trabalho, o livro espera interrogar os próprios meios pelos quais memórias e arquivos são produzidos, silenciados, e reativados em meio às lutas políticas por direitos, visibilidade e reconhecimento LGBTIQ. O projeto pretende facilitar um diálogo importante em torno da vida queer em Moçambique, promovendo a visibilidade e o empoderamento LGBTIQ através das linguagens da fotografia e da história oral como estratégias de produção de arquivos e de ativismo.
Sexual and gender minorities have been historically construed as the marginal “others” of dominant society. This experience of “otherness” has been crucially constitutive of LGBTIQ identities, shaping personalities and marking the imaginary boundaries between the community and society at large. In this context, the gendered and sexed body is a terrain in which this otherness is lived, experienced and often subverted. If identity is embodied, mediated through the corporeal, the placement of bodies in space, in the city – where one can go, the place one can call their own – is no simple matter. Rather, it is embedded in the politics of queer visibility and recognition. In spite of adversity, queer people still take to the street, occupy the city, carve a space of their own, a space where they belong. By claiming an identity, a body and a city as “ours”, the LGBTIQ movement, its artists and activists, issue an urgent message of belonging and empowerment. Here, this short concoction of words – Other, Bodies, Ours – incorporates these dimensions of queer experience: the overlapping of otherness and self, the corporeality of identities, and the urgent claim for belonging in a community.
With this in mind, the project Other Bodies of Ours follows a group of queer artists and activists as they carve out for themselves a space in the world, and in the city. The texts, photographs, portraits and testimonies comprise a living and lived archive of queer narratives in Maputo. As such, this book has been designed to blur the tenuous lines between public history and private biography. The photographs do not solely document an event; they are the product of the conversation between the photographer, the performers, and the public and private spaces they occupy. In presenting this work, the book hopes to interrogate the very means by which memories and archives are produced, silenced and reactivated in the midst of political struggles for LGBTIQ rights, visibility and recognition. The project facilitates important dialogue surrounding queer life in Mozambique by promoting LGBTIQ visibility and empowerment through the languages of photography and oral history as strategies of archive-making and activism.
Colaboradores da Publicação/
Publication Contributors :
Fotógrafo/Photographer : Aghi
Editor/Editor : Caio Simões de Araújo
Participantes/Participants : Drica, Tyfane, Pepetsa, Machachito, Jennifer, Minaj, Luan, Blue, Lipe, Daymon, Inocêncio, Abirage, Zubaida, Shelly, Stefany, Paixão, Brunna, Hanhane, Liloca, Sheila, Kaká, Becky, Naife, Eric, Danny, Lenny, Nery, Milena, Sandra
Autores/Authors : Caio Simões de Araújo, Francelino Zeúte, Nelson Mugabe, Aghi, Pamina Sebastião, Mnapemgo Námoda
Tradutor/Translator : Caio Simões de Araújo
Transcrições/Transcriptions : Nelson Mugabe
Revisão/Proofreader : Lóide Sambo, Jennifer Malec
Desenho/Design : Karin Tan
Parte da pesquisa para este projeto de livro foi conduzido com suporte do Projeto Governing Intimacies, da Universidade do Witwatersrand, com fundos da Andrew W. Mellon Foundation.
Financiado pela Fundação Rosa Luxemburgo (RLS), com fundos do Ministério Federal para Cooperação Económica e Desenvolvimento da República Federal da Alemanha.
Project in partnership with Lambda .
Some of the background research for this book was conducted with the support of the Governing Intimacies project, University of Witwatersrand, with funds from the Andrew W. Mellon Foundation.
Sponsored by the Rosa Luxemburg Stiftung (RLS) with funds from the Federal Ministry of Economic Cooperation and Development of the Federal Republic of Germany.
Additional support from The Sigrid Rausing Trust.